NOSSA SENHORA DO BRASIL: a mãe das famílias brasileiras


Conheça a história desta devoção que, apesar de levar o nome do nosso país, nasceu na Itália

No aristocrático bairro do Jardim América, à margem da Avenida Brasil, está situada uma das mais interessantes igrejas de São Paulo. Inspirada nos templos coloniais mineiros, a matriz de Nossa Senhora do Brasil, com seu revestimento de azulejos e madeira trabalhada, e seu magnífico zimbório de porcelana, forma um belo conjunto de arquitetura religiosa.


No seu interior, admira-se o altar-mor de madeira entalhada, que pertenceu à antiga igreja, demolida nos arredores de São Paulo e a imagem da Madona do Brasil, que poderia ser denominada Nossa Senhora dos Divinos Corações, pois tanto Ela como o Menino Jesus, executados com feições indígenas de rara formosura, ostentam no peito um coração.

Nas paredes da capela-mor, os azulejos pintados contam a pitoresca história desta devoção que, apesar de ter o nome de nosso País, originou-se em Nápoles, a encantadora cidade italiana.


Historicamente sabe-se que em 1725 existia na igreja da Penha em Recife a imagem de Nossa Senhora dos Divinos Corações, escolhida pelos missionários capuchinhos de Pernambuco para padroeira de sua prefeitura apostólica. A tradição atribui aos primeiros jesuítas a origem da escultura, admitindo-se que a inspiração tenha sido ditada pelo padre José de Anchieta, quando visitou Pernambuco, após ter fundado no Espírito Santo a primeira capela dedicada ao Sagrado Coração de Jesus. A imagem teria permanecido em alguma aldeia nativa até ser notada pelos capuchinhos italianos e posteriormente por eles entronizada na matriz do Recife.

Em 1828, após vários movimentos sediciosos em Pernambuco, acompanhados de profanações de templos, Frei Joaquim d’Afragola, fervoroso devoto da milagrosa imagem da Virgem, remeteu-se secretamente para o convento da Ordem, em Nápoles. No entanto, ela permaneceu na alfândega durante muito tempo, pois os frades, avisados da existência de uma pesada caixa a eles destinada, não foram retirá-la por falta de meios pecuniários e por não saberem do que se tratava. Os guardas então, curiosos, romperam a cinta da caixa e ficaram surpreendidos com a beleza da sagrada efígie. Cotizaram-se e enviaram a santa escultura para o convento de Santo Efrém, o Novo.

Impressionados com a notável perfeição da imagem, os capuchinhos resolveram expô-la à veneração dos fiéis em sua igreja, e o povo, para distingui-la, deu-lhe o nome de “Madonna del Brasile”.

No dia 22 de fevereiro de 1840 irrompeu terrível incêndio na igreja de Santo Efrém, transformando-a num amontoado de cinzas, porém, com surpresa geral, apenas a escultura da Virgem Maria não foi atingida pelas chamas. Ao saber do extraordinário acontecimento, a população de Nápoles correu para o templo e pôde ver a imagem da Senhora do Brasil destacando-se intacta no meio das ruínas fumegantes. Nasceu então a devoção à milagrosa Santa, que desde aquela época tem sido objeto constante de culto por parte dos devotos napolitanos.

No Brasil, entretanto, ignorava-se a existência desta imagem, até que, em 1924, o bispo D. Frederico de Souza Costa, ouvindo falar dela na cidade italiana, quis conhecê-la e logo mandou notícias para o nosso país. Começou assim em nossa terra a devoção a Nossa Senhora do Brasil, iniciando seu culto no Rio, em Porto Alegre e São Paulo.

O primeiro templo a Ela consagrado em nosso País foi o do Rio de Janeiro, no bairro da Urca, que desde 1924 se tornara residencial. A pedra fundamental foi lançada em 1930 e três anos depois, no dia 17 de dezembro, procedeu-se à sua inauguração com grandes solenidades. A 8 de setembro de 1934 foi criada a paróquia, que abrange os bairros da Urca e da Praia Vermelha. Nossa Senhora do Brasil é considerada a Padroeira da Família Brasileira.

A paróquia do Jardim América foi criada em 1940 pelo arcebispo D. José de Afonseca e Silva, tendo como protetora a Madona Brasileira, dando-se início dois anos depois à construção da igreja matriz por iniciativa do primeiro vigário, que foi também deputado estadual e jornalista, Monsenhor João de Carvalho.

Várias tentativas foram feitas para trazer a sagrada imagem de volta à nossa terra, até hoje infrutíferas. Contudo, a Virgem Santíssima tem sempre demonstrado quanto lhe agrada ser invocada como Nossa Senhora do Brasil, pois são inúmeras as graças alcançadas pelos seus devotos, o que para nós, brasileiros, deve ser motivo de orgulho e alegria.

Iconografia:
A Virgem Maria com feições indígenas segura no braço esquerdo o Divino Infante. Ambos ostentam no peito os respectivos corações em cor vermelha, sendo que o Menino Deus segura o seu com a mão esquerda e com a direita aponta para o de sua Mãe. Nossa Senhora veste uma túnica bordada e tem sobre ela um longo véu, que vai da cabeça aos pés. Ambos usam uma coroa real.

Fonte: A12
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