DOGMA MARIANO


O que é Dogma

Muito se debate sobre os Dogmas de Maria.

Aqueles que atacam os dogmas marianos, não sabem ou apenas ignoram que, todos os dogmas marianos, surgiram em resposta à heresias que não eram contra Maria e sim, contra Nosso Salvador Jesus Cristo.

Mas o que é um dogma?

Dogma é uma verdade revelada por Deus, e, como tal, diretamente proposta pela Igreja à nossa fé.

A Revelação, fonte do dogma, dá a conhecer o ensinamento divino em seu próprio conceito: tal é a primazia de Pedro e de seus discípulos e, como consequência, a infalibilidade pontifícia.

Para que uma verdade revelada seja um dogma é necessário que este proponha diretamente à nossa fé por uma definição solene da Igreja ou pelo ensinamento de seu magistério ordinário.

No Evangelho se sublinha várias vezes a natureza da fé. Está descrita como uma adesão ao ensinamento divino anunciado por Cristo ou pregada em seu nome e com sua autoridade pelos Apóstolos. No Evangelho de São Marcos encontramos:

"Depois lhes disse: 'Ide pelo mundo e pregai a boa nova a toda criação. O que crer e for batizado se salvará; o que não crer, será condenado.'" (Mc 16,15-16).

"A fé é garantia do que se espera; a prova das realidades que não se veem. Foi ela que valeu aos nossos ancestrais. " (Hb 11,1-2).

Do século I ao IV, esta doutrina se manifesta pela insistência com a qual os Santos Padres afirmaram a obrigação de crer integramente na doutrina ensinada por Jesus Cristo aos Apóstolos. Para que o ensinamento divino contido nas Sagradas Escrituras seja um dogma são necessárias duas condições:

1. O sentido deve estar suficientemente manifestado.

2. Esta doutrina deve ser proposta pela Igreja como revelada. Quando o texto das escrituras estiver definido pela Igreja como contendo um dogma revelado, com sentido preciso e determinado, é um dever estrito para os exegetas católicos aceitá-lo.

A revelação feita por Jesus Cristo e anunciada aos Apóstolos tem seu caráter definitivo e imutável e a doutrina de São Paulo mostra bem este caráter.

Dogmas de Maria

Para ser a Mãe do Salvador, a Virgem Maria "foi enriquecida por Deus com dons dignos para tamanha função" (LG, 56).

Pela graça de Deus ela permaneceu pura de todo pecado (original e pessoal) ao longo de toda a sua vida. (cf. CIC §493). O Catecismo da Igreja ensina que:

"Desde toda a eternidade, Deus escolheu, para ser a Mãe de Seu Filho, uma filha de Israel, uma jovem judia de Nazaré na Galileia, "uma virgem desposada com um varão chamado José, da casa de Davi, e o nome da virgem era Maria" (Lc 1, 26-27). " (§488)

E o Concilio Vaticano II disse:

"Quis o Pai das misericórdias que a Encarnação fosse precedida pela aceitação daquela que era predestinada a ser Mãe de seu Filho, para que, assim como uma mulher contribuiu para a morte, uma mulher também contribuísse para a vida. " (LG, 56; 61)

Maria concebeu Jesus por obra do Espírito Santo, na "obediência da fé", certa de que "nada é impossível a Deus":

"Eu sou a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra" (Lc 1,38). Assim, Maria se tornou Mãe de Jesus.

Santo Irineu (†202), disse que:

"Maria obedecendo, se fez causa de salvação tanto para si como para todo o gênero humano".

"O nó da desobediência de Eva foi desfeito pela obediência de Maria; o que a virgem Eva ligou pela incredulidade a virgem Maria desligou pela fé" (Ad. haer. 3,22,4).

"Veio a morte por Eva e a vida por Maria. " (LG, 56)


Imaculada Conceição de Maria


Por ter sido escolhida para ser a Mãe do Verbo humanado, a Virgem Maria foi concebida sem o pecado original. A Mãe do Filho de Deus não poderia ter pecado algum. Ela é a mulher saudada pelo Anjo como "a cheia de graça" (gratia plena); nela tudo é graça.

Os Padres da Igreja chamam a Mãe de Deus "a toda santa" ("Pan-hagia"), celebram-na como "imune de toda mancha de pecado, tendo sido plasmada pelo Espírito Santo, e formada como uma nova criatura" (LG, 56). "Bendita és tu entre as mulheres (...) " (Lc 1,42). O Concílio de Trento confessou:

"Foi ela que, primeiro e de uma forma única, se beneficiou da vitória sobre o pecado conquistada por Cristo: ela foi preservada de toda mancha do pecado original e durante toda a vida terrestre, por uma graça especial de Deus, não cometeu nenhuma espécie de pecado. " (DS 1573)

É de notar que em 1476 a festa da Imaculada foi incluída no Calendário Romano. Em 1570, o Papa Pio V publicou o novo Ofício e, em 1708, o Papa Clemente XI estendeu a festa a toda a Cristandade tornando-a obrigatória.

Em 27 de novembro de 1830, Nossa Senhora apareceu a Santa Catarina Labouré, na Capela das filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, em Paris, e lhe pediu para mandar cunhar e propagar a devoção à chamada "Medalha Milagrosa", precisamente com esta inscrição: "Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós".

O Papa Pio IX na Bula "Ineffabilis Deus", de 8 de Dezembro de 1854, pronunciou solenemente como dogma a verdade que a Igreja tomou conhecimento ao longo dos séculos: Maria, "cumulada de graça" por Deus, foi redimida desde a concepção.

Disse o Papa:

"Declaramos, pronunciamos e definimos que a doutrina que sustenta que a Santíssima Virgem Maria, no primeiro instante de sua conceição, foi por singular graça e privilégio de Deus onipotente em previsão dos méritos de Cristo Jesus, Salvador do gênero humano, preservada imune de toda mancha de culpa original, foi revelada por Deus, portanto, deve ser firme e constantemente acreditada por todos os fiéis." (DS, 2803)

É fundamental entender que esta santidade absolutamente única da qual Maria é enriquecida desde o primeiro instante de sua conceição lhe vem inteiramente de Cristo:

"Em vista dos méritos de seu Filho, foi redimida de um modo mais sublime" (LG, 53).

Mais do que qualquer outra pessoa criada, o Pai a "abençoou com toda a sorte de bênçãos espirituais, nos céus, em Cristo" (Ef 1,3). Ele a "escolheu Nele (Cristo), desde antes da fundação do mundo, para ser santa e imaculada em sua presença, no amor" (Ef 1,4) (cf. CIC §492).

Isto significa que Maria também foi salva pelos méritos de Cristo, mas de maneira diferente de nós. Enquanto nós fomos feridos pelo pecado original, e depois livres dele pelo Batismo, a Virgem Maria foi preservada do pecado (como que vacinada).

Assim, todos fomos salvos do pecado por Cristo. O fato dele ter nascido depois da Mãe, não o impede de tê-la salvo, pois para Deus o tempo não é um limitador como para nós; Ele é o Senhor do tempo.

É muito significativo que quatro anos depois que o Papa Pio IX proclamou o dogma, Nossa Senhora se revelou a Santa Bernadete Soubirous, na Gruta de Lourdes desta forma: "Eu sou a Imaculada Conceição". Bernadete, pobre menina camponesa, não sabia o que aquilo significava, mas toda a Igreja já conhecia a proclamação do dogma. Maria veio a terra confirmar a verdade e infalibilidade do Papa.

São Bernardino de Sena, falecido em 1444, diz a Maria:

"Antes de toda criatura fostes, ó Senhora, destinada na mente de Deus para Mãe do Homem - Deus. Se não por outro motivo, ao menos pela honra de seu Filho, que é Deus, era necessário que o Pai Eterno a criasse pura de toda mancha." (GM, p. 210)

E pergunta Santo Anselmo, bispo e doutor da Igreja (†1109):

"Deus, que pode conceder a Eva a graça de vir ao mundo imaculada, não teria podido concedê-la também a Maria?". "A Virgem, a quem Deus resolveu dar Seu Filho Único, tinha de brilhar numa pureza que ofuscasse a de todos os anjos e de todos os homens e fosse a maior imaginável abaixo de Deus." (idem, p. 212)

Santo Agostinho de Hipona, bispo e doutor da Igreja (†430), disse:

"Nem se deve tocar na palavra "pecado" em se tratando de Maria; e isso por respeito Àquele de quem mereceu ser a Mãe, que a preservou de todo pecado por sua graça." (ibidem, p. 215)

Pergunta São Cirilo de Alexandria (370-442), bispo e doutor da Igreja:

"Que arquiteto, erguendo uma casa de moradia, consentiria que seu inimigo a possuísse inteiramente e habitasse? "(GM, p. 216). Assim Deus jamais permitiu que seu inimigo tocasse Naquela em que Ele seria gerado homem. "

Afirma Santo Afonso de Ligório (†1787), doutor da Igreja:

"Se conveio ao Pai preservar Maria do pecado, porque Lhe era Filha, e ao Filho porque Lhe era Mãe, está visto que o mesmo se há de dizer do Espírito Santo, de quem era a Virgem Esposa. " (GM, p. 218)

Maria, Santa Mãe de Deus

Os evangelistas chamam Maria de "a Mãe de Jesus" (Jo 2,1;19,25). Movida pelo Espírito Santo, antes do nascimento de seu Filho, Santa Isabel a chama de "a Mãe de meu Senhor".

"Donde me vem que a mãe de meu Senhor me visite? " (Lc1,43). Sabemos que os judeus só usavam a expressão "Senhor" para Iahweh. A Igreja confessou no Concilio de Éfeso (431), que Maria é verdadeiramente Mãe de Deus (Theotókos). Maria é verdadeiramente "Mãe de Deus" visto ser a Mãe do Filho Eterno de Deus feito homem, que é Ele mesmo Deus.

É lógico que não foi Maria quem gerou o Verbo eterno no seio do Pai; Ele é gerado desde toda a eternidade; mas, a partir do momento que Ela lhe dá um corpo humano, passou a ser sua Mãe de verdade. Mãe do Verbo humanado.

Por isso, rezamos com muita fé: "Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores (...) ". Porque nos dá Jesus, seu Filho, Maria é Mãe de Deus e nossa Mãe; podemos lhe confiar todos os nossos cuidados e pedidos. Uma das mais belas orações da Liturgia das Horas, uma antífona mariana, diz: "Ó tu que geraste, diante da admiração da Natureza, o Santo que te gerou".

São Cirilo de Alexandria (370-442), doutor da Igreja, presente no Concilio de Éfeso, havia replicado a Nestório:

"Dir-se-á: a Virgem é a mãe da divindade? Ao que responderemos: o Verbo vivo subsiste, é gerado pela própria substância de Deus Pai, existe desde toda a eternidade (...). Mas ele se encarnou no tempo e por isso pode-se dizer que nasceu da mulher. " (USD, pp. 7-8)

Falando da maternidade divina de Maria, assim se expressa São Pedro Damião (1007-1072), bispo e doutor da Igreja:

"Esta matéria extraordinária nos tira até a capacidade de falar. Que língua poderá explicar, que inteligência não ficaria parada de espanto se começasse a pensar que o "Criador nasce da criatura, o artesão vem de seu artefato, que o seio de uma jovem virgem tenha gerado Aquele que pode conter todo o universo? " E ainda: "Ó Virgem admiravelmente fecunda que, num novo e inédito milagre, recolhe no seio Aquele que é sem medida, gera o eterno e dá à luz o que foi gerado antes dos séculos. "" (VtMM, p. 36)

O Papa São Pio X, na encíclica Ad diem illum, de 2 de fevereiro de 1904, fala admiravelmente da maternidade divina de Maria:

"À Virgem Santíssima não somente coube a glória de haver ministrado a substância de sua carne ao Unigênito do Eterno, que devia nascer homem, hóstia excelentemente preparada para a salvação dos homens; mas igualmente teve a missão de zelar e conservar esta hóstia e, ao tempo devido, apresentá-la ao sacrifício."

Maria exclama no Magnificat: "Todas as gerações me proclamarão bem-aventurada" (Lc 1,48). É preciso notar que a palavra "proclamar" quer dizer: "anunciar em público e em voz alta". Isto porque é Mãe de Deus.

Santo Agostinho disse algo muito importante:

"Enquanto Cristo é gerado pelo Pai, Deus de Deus, não é sacerdote: Ele o é em razão da carne que assumiu, em razão da vítima que oferece e recebeu de nós. " (TM, p. 33)

Portanto, se Maria é a Mãe bendita de Deus, o que então lhe será impossível? O que poderia o melhor Filho negar à sua Mãe? Portanto, com presteza, confiança e perseverança, aproximemo-nos desta Santa Mãe para lhe pedir a sua intercessão como nas Bodas de Caná.

O grande Santo Anselmo (†1109), disse a Maria:

"Vosso Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, vos concederá, ó Mãe, tudo o que vós quiserdes: Ele está sempre disposto a vos ouvir. Basta que queiras nossa salvação. "(MM, p. 45)

São Leonardo (1676-1751), o santo da Via-Sacra e da Imaculada Conceição, falando das graças que recebeu da Santa Mãe de Deus dizia:

"Quando penso nas graças que tenho recebido de Deus pela intercessão de Maria Santíssima, comparo-me com uma dessas igrejas onde se venera qualquer imagem milagrosa e cujas paredes estão cobertas de ex-votos com as palavras: "Graça recebida de Maria". Sim, tal é exatamente minha condição; não encontro nada em mim em que não possa escrever: "Graça recebida de Maria". Os bons pensamentos que saem de meus lábios, a boa vontade que sinto, os piedosos sentimentos do coração que me animam: "São graças recebidas de Maria". A força que possuo, o divino emprego que exerço, o hábito religioso que envergo: "São graças recebidas de Maria". Lede na fronte, lede em meu coração, lede em minha alma; não vede vós lá escrito: "Graças recebidas de Maria Santíssima? "" (VtMM, p. 229)

Virgindade Perpétua de Maria

A Igreja nos ensina, com Santo Agostinho, que Maria sempre foi Virgem: "antes do parto, no parto e depois do parto".

Desde os primórdios a Igreja confessou que Jesus foi concebido exclusivamente pelo poder do Espírito Santo no seio da Virgem Maria; Jesus foi concebido "do Espírito Santo, sem sêmen".

"Eis como nasceu Jesus Cristo: Maria, sua mãe, estava desposada com José. Antes de coabitarem, aconteceu que ela concebeu por virtude do Espírito Santo. "

"Enquanto assim pensava, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos e lhe disse: José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois o que nela foi concebido vem do Espírito Santo. " (Mt 1, 18-20)

Para os Padres da Igreja a conceição virginal era o "sinal" de que foi verdadeiramente o Filho de Deus que assumiu a nossa humanidade. Santo Inácio de Antioquia (†107), já dizia:

"Estais firmemente convencidos acerca de Nosso Senhor, que é verdadeiramente da raça de Davi segundo a carne, Filho de Deus segundo a vontade e o poder de Deus, verdadeiramente nascido de uma virgem (...), ele foi verdadeiramente pregado, na sua carne, (à cruz) por nossa salvação sob Pôncio Pilatos (...), ele sofreu verdadeiramente, como também ressuscitou verdadeiramente. " (Esmirnenses, I-II)

"O príncipe deste mundo ignorou a virgindade de Maria e o seu parto, da mesma forma que a Morte do Senhor: três mistérios proeminentes que se realizaram no silêncio de Deus. " (Ef 19.1)

O anjo disse a São José que "o que foi gerado nela vem do Espírito Santo" (Mt 1,20). É o cumprimento da promessa divina dada pelo profeta Isaías: "Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho" (Is 7,14)

E Maria permaneceu Virgem também durante e após o parto de Jesus; foi um parto milagroso que não se pode entender pela biologia. Diz o nosso Catecismo: "O aprofundamento de sua fé na maternidade virginal levou a Igreja a confessar a virgindade real e perpétua de Maria, mesmo no parto do Filho de Deus feito homem. Com efeito, o nascimento de Cristo "não lhe diminuiu, mas sagrou a integridade virginal" de sua mãe. "Aeiparthenos" "sempre virgem. " (§499)

São Tomás de Aquino apresenta magistralmente as razões da virgindade de Maria:

"Convinha que aquele que é Filho único de Deus (...), fosse virginalmente concebido ao se fazer carne; para que a natureza humana do Salvador fosse isenta do pecado original, ficava bem que não fosse formado como de ordinário pela via seminal, mas pela concepção virginal; nascendo segundo a carne de uma virgem, Cristo mostrava que seus membros deviam nascer segundo o espírito dessa Virgem, sua esposa espiritual, que é a Igreja. O nascimento virginal é de todo conveniente, pois o Verbo que é eternamente concebido e procede do Pai sem nenhuma corrupção deve, se ele se faz carne, nascer de uma mãe virgem, conservando-lhe sua virgindade; Aquele que vem para retirar toda a corrupção não deve, ao nascer, destruir a virgindade daquela que lhe deu à luz. " (TM, pp. 28-29)

A virgindade perpétua de Maria foi proclamada em 649 no Concilio Regional de Latrão, que disse:

"Se alguém, segundo os Santos Padres, não confessa que própria e verdadeiramente é Mãe de Deus a santa e sempre Virgem e Imaculada Maria, já que concebeu nos últimos tempos sem sêmen, do Espírito Santo, o próprio Deus-Verbo (...), e que deu à luz sem corrupção, permanecendo a sua virgindade indissolúvel mesmo depois do parto, seja anátema. " (DS 255,649)

O Papa Paulo IV, em 07/08/1555, apresentou a perpétua virgindade de Maria entre os temas fundamentais da fé. Assim se expressou:

"A Bem-aventurada Virgem Maria foi verdadeira Mãe de Deus, e guardou sempre íntegra a virgindade, antes do parto, no parto e constantemente depois do parto. "

Toda a Tradição cristã e até mesmo os reformadores protestantes, como Lutero e João Calvino, professaram a virgindade de Maria. Em 1537, em seus "Artigos da Doutrina Cristã", é o próprio Lutero quem diz:

"O Filho de Deus fez-se homem, de modo a ser concebido do Espírito Santo sem o concurso de varão e a nascer de Maria pura, santa e sempre virgem. "

Em 1542, João Calvino publicou o "Catecismo da Igreja de Genebra", onde se lê:

"O Filho de Deus foi formado no seio da Virgem Maria (...). Isto aconteceu por ação milagrosa do Espírito Santo sem consórcio de varão. "

Santo Agostinho afirma que:

"Cristo nasceu com efeito da Mãe que embora sem contato com varão concebeu intacta, e sempre intacta permaneceu, concebeu virgem, dando à luz virgem, virgem morrendo, embora fosse desposada com o carpinteiro, extinguiu todo orgulho da nobreza carnal".

E ainda: "Uma virgem concebe, virgem leva o fruto, uma virgem dá à luz e permanece perpetuamente virgem. "

Os Santos Padres não se cansavam de exaltar a virgindade de Maria:

"Virgem que gerou a Luz, sem ficar com nenhum sinal, como outrora a sarça (de Moisés) que ardia em fogo sem se consumir. " (Santo Efrém)

"Virgem ainda mais pura depois do parto. " (Santo Epifânio)

"Virgem que permaneceu Virgem, mesmo sendo verdadeiramente mãe. " (São João Crisóstomo)

"Virgem que deu à luz e, enquanto dava à luz, duplicava a virgindade. " (São Gregório Magno). (MM, p. 28)

São Leão Magno (†460), doutor da Igreja e Papa, em seus Sermões sobre o Natal e a Epifania, explica uma das razões da virgindade de Maria:

"Não transparece uma razão profunda no fato de Cristo ter querido nascer de uma Virgem? Seria a de ocultar ao demônio que a salvação nascera para os homens, a fim de que, ignorando a geração espiritual, não julgasse que havia nascido de modo diferente aquele que via semelhante aos outros. Notando que sua natureza era igual à de todos, supunha que sua origem fosse a mesma; e não percebeu que estava livre dos laços do pecado aquele que não encontrou isento da fraqueza dos mortais (...). Foi assim iludida a sagacidade do inimigo, que em segurança supunha que o nascimento do menino gerado para a salvação do gênero humano estivesse sob seu domínio como os outros (...). Conhecendo o veneno com que corrompera a natureza humana, jamais julgou isento do pecado original aquele que, por tantos indícios, supunha ser um mortal. " (SNE, p. 34)

Santo Irineu, opondo Maria a Eva diz:

"Como por uma virgem desobediente foi o homem ferido, caiu e morreu, assim também, por meio de uma Virgem obediente à Palavra de Deus, o homem recobrou a vida. Era justo e necessário que Adão fosse restaurado em Cristo, e que Eva fosse restaurada em Maria, a fim de que uma Virgem, feita advogada de uma virgem, apagasse e abolisse por sua obediência virginal a desobediência de uma virgem. " (VtMM, p. 44)

Embora incompreensível para nossa inteligência, o parto virginal de Maria é uma verdade de fé que devemos acolher em virtude da "obediência da fé" (Rm 1,5). Só quem está disposto a crer que "para Deus nada é impossível" (Lc 1,37), pode acolher com devoção e gratidão as verdades místicas do Filho eterno de Deus e da sua concepção e nascimentos virginais.

São Cirilo de Alexandria dizia que assim como a luz atravessa de um lado para outro a vidraça sem quebrar-lhe, da mesma forma o Verbo pôde entrar e sair do ventre de sua Mãe sem lhe rasgar as paredes.

Sobre os "irmãos e irmãs de Jesus", a Igreja sempre entendeu que essas passagens não designam outros filhos da Virgem Maria: com efeito, Tiago e José, "irmãos de Jesus" (Mt 13,55), são os filhos de uma Maria discípula de Cristo que significativamente é designada como "a outra Maria" (Mt 28,1).

Tratam-se de parentes próximos de Jesus, conforme uma expressão conhecida do Antigo Testamento.

A Virgem Maria não teve outros filhos; em nenhum lugar dos Evangelhos se pode encontrar alguém chamado de "filho de Maria", a não ser Jesus. Aos pés da Cruz de Jesus estava apenas João e sua Mãe, por isso Ele a confiou à Sua Mãe.

Jesus é o Filho Único de Maria. Mas a maternidade espiritual de Maria, ensina a Igreja, estende-se a todos os homens que Ele veio salvar: Ela gerou seu Filho, do qual Deus fez "o primogênito entre uma multidão de irmãos" (Rm 8,29).

Assunção de Maria

O dogma da Assunção se refere a que a Mãe de Deus, ao cabo de sua vida terrena foi elevada em corpo e alma à glória celestial.

Este dogma foi proclamado pelo Papa Pio XII, no dia 1 de novembro de 1950, na Constituição Munificentissimus Deus:

"Depois de elevar a Deus muitas e reiteradas preces e de invocar a luz do Espírito da Verdade, para glória de Deus onipotente, que outorgou à Virgem Maria sua peculiar benevolência; para honra do seu Filho, Rei imortal dos séculos e vencedor do pecado e da morte; para aumentar a glória da mesma augusta Mãe e para gozo e alegria de toda a Igreja, com a autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados apóstolos Pedro e Paulo e com a nossa, pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que a Imaculada Mãe de Deus e sempre Virgem Maria, terminado o curso da sua vida terrena, foi assunta em corpo e alma à glória do céu".Agora bem, porquê é importante que os católicos recordemos e aprofundemos no Dogma da Assução da Santíssima Virgem Maria ao Céu?

O Novo Catecismo da Igreja Católica responde à esta interrogação:
"A Assunção da Santíssima Virgem constitui uma participação singular na Ressurreição do seu Filho e uma antecipação da Ressurreição dos demais cristãos"(966).

A importância da Assunção para nós, homens e mulheres do começo do Terceiro Milênio da Era Cristã, radica na relação que existe entre a Ressurreição de Cristo e nossa. A presença de Maria, mulher da nossa raça, ser humano como nós, quem se encontra em corpo e alma já glorificada no Céu, é isso: uma antecipação da nossa própria ressurreição.

Mais ainda, a Assunção de Maria em corpo e alma ao céu é um dogma da nossa fé católica, expressamente definido pelo Papa Pio XII pronunciando-se "ex-cathedra".

E o Papa João Paulo II, em uma das suas catequeses sobre a Assunção, explica isto mesmo nos seguintes termos:
"O dogma da Assunção, afirma que o corpo de Maria foi glorificado depois de sua morte. Com efeito, enquanto para os demais homens a ressurreição dos corpos ocorrerá no fim do mundo, para Maria a glorificação do seu corpo se antecipou por singular privilégio" (JPII, 2- Julho-97)."

Contemplando o mistério da Assunção da Virgem, é possível compreender o plano da Providência Divina com respeito a humanidade: depois de Crsito, Verbo Encarnado, Maria é a primeria criatura humana que realizou o ideal escatológico, antecipando a plenitude da felicidade prometida aos eleitos mediante a ressurreição dos corpos" (JPII, Audiência Geral do 9-julho-97). 

Continua o Papa: "Maria Santíssima nos mostra o destino final dos que 'escutam a Palavra de Deus e a cumprem'(Lc. 11,28). Nos estimula a elevar nosso olhar às alturas onde se encontra Cristo, sentado à direita do Pai, e onde também está a humilde escrava de Nazaré, já na glória celestial"(JPII, 15-agosto-97).


Os homens e mulheres de hoje vivemos pendentes do enigma da morte. Ainda que o enfoquemos de diversas formas, segundo a cultura e crenças que tenhamos, por mais que o evadimos em nosso pensamento por mais que tratemos de prolongar por todos os meios ao nosso alcane nossos dias na terra, todos temos uma necessidade grande desta esperança certa de imortalidade contida na promessa de Cristo sobre nossa futura ressurreição.

Muito bem faria a muitos cristãos ouvir e ler mais sobre este mistério da Assunção de Maria, o qual nos diz respeito tão diretamente. Por quê se chegou a difundir-se a crença no mito pagão da re-encarnação entre nós? 

Se pensamos bem, estas ideias estranhas à nossa fé cristão vieram metendo-se na medida em que deixamos de pensar, de predicar e de recordar aos mistérios, que como o da Assunção, têm a ver com a outra vida, com a escatologia, com as realidades últimas do ser humano.

O mistério da Assunção da Santíssima Virgem Maria ao Céu nos convida a fazer uma pausa na agitada vida que levamos para refletir sobre o sentido da nossa vida aqui na terrra, sobre o nosso fim último: a Vida Eterna, junto com a Santíssima Trindade, a Santíssima Virgem Maria e os Anjos e Santos do Céu. 

O fato de saber que Maria já está no Céu gloriosa em corpo e alma, como nos foi prometido aos que façamos a Vontade de Deus, nos renova a esperança em nossa futura imortalidade e felicidade perfeita para sempre.

Profº Felipe Aquino
DOGMA MARIANO DOGMA MARIANO Reviewed by Unknown on novembro 17, 2017 Rating: 5