O PRIMEIRO DEVOTO DE MARIA


A fisionomia dos Santos

Algo de análogo pode acontecer quando pedimos a intercessão de algum Santo. À distância, entre o Céu e a terra (essa distância não se mede em metros, mas varia de acordo com a firmeza de nossa fé…), procuramos imaginar como seria ele. Às vezes, ao tomar conhecimento da sua vida, exclamamos interiormente “Este é o protetor de que eu precisava!…” E recorremos com mais fé ao seu auxílio.

Por quê?

Há entre o Santo e nós certa semelhança de situações da existência. Por exemplo, ele passou por dificuldades análogas, vai compreender melhor as nossas carências e debilidades. Pode haver até alguma semelhança psicológica… Estabelece-se, assim, uma simpatia que tem ao mesmo tempo algo de natural e de sobrenatural.

As boas imagens dos Santos postas à veneração dos fiéis devem ajudar-nos a compor mais facilmente seu perfil psicológico e sobrenatural. A fotografia veio quase dispensar o trabalho dos pintores e escultores, para os de nossa época. Mas nos mil e novecentos anos anteriores da História da Igreja, quantas fisionomias de Santos que gostaríamos de ter conhecido…

A primeira delas é a de Nosso Senhor Jesus Cristo, da qual só ficou um esboço (mas que esboço divino!…) no Santo Sudário. E como seria a fisionomia de Nossa Senhora?

Em vez de contentar-nos com as figuras reproduzidas pela iconografia católica, poderíamos nos recolher um pouco e fazer uma meditação um tanto diferente: tentar imaginar em nosso interior a fisionomia e o perfil moral de um bem-aventurado.

Façamos a experiência com um grande Santo, certamente o maior que já existiu e existirá, depois de Nossa Senhora: seu castíssimo esposo, São José.

Constante contemplador de Jesus e de Maria

Sim, leitor, como imagina você a figura majestosa e paternal de São José?

Segundo São Tomás de Aquino, todas as criaturas existentes no universo poderiam ter sido criadas por Deus de modo mais perfeito, exceto três: Jesus Cristo, a Virgem Maria e a visão beatífica. Jesus, sendo Deus, não podia ter a mínima imperfeição. Para ser sua Mãe, é natural que Ele escolhesse a criatura humana mais perfeita possível. Deste modo, se somarmos as perfeições de todos os Anjos e de todos os Santos, teremos apenas uma idéia pálida das riquezas sobrenaturais que adornam a alma de Maria.

Mas Deus não iria escolher para esposo de sua Mãe Virginal, para seu pai adotivo, alguém que não estivesse à altura de tal missão. Tinha de ser um homem proporcionado a essa esposa, pelo seu amor de Deus, pela sua justiça, pela sua pureza, por sua sabedoria, por todas as qualidades. Esse homem é São José.

Ambos eram da Casa de David. Talvez até tivessem certa semelhança física, entre si. E não é inverossímil imaginar São José com alguns traços fisionômicos do Rei Profeta, seu glorioso antepassado, do qual diz a Sagrada Escritura: “louro, de belos olhos e mui formosa aparência (…) valente e forte, fala bem, tem um belo rosto, e o Senhor está com ele” (I Sam 16, 12 e 18).

Sob o ponto de vista sobrenatural, São José alcançou o mais alto píncaro da santidade e não pode ter deixado de praticar a devoção a Nossa Senhora no grau mais perfeito, e participar das virtudes altíssimas de sua esposa virginal. Sua vida foi uma constante contemplação de Maria e de Jesus. Por isso ele pode ser considerado o padroeiro e modelo das almas contemplativas e dos devotos de Maria.

O exemplo de Santa Teresa

Mas, depois desta descrição, sentimos tanta desproporção com São José… Onde encontrar algum ponto de afinidade com tão grande Santo, para confiarmos em sua poderosa intercessão?

Uma de suas maiores devotas, Santa Teresa de Jesus, dizia querer “convencer todas as pessoas a serem devotas deste glorioso Santo, pela comprovação que fiz dos dons que ele alcança de Deus”.

E acrescentava: “Tomei como protetor e senhor o glorioso São José. Não me lembro, até agora, de lhe ter pedido alguma coisa e não ser atendida. Fico espantada com os favores que recebi de Deus por intercessão deste bem-aventurado Santo e dos perigos dos quais me livrou, tanto de corpo como de alma.

“A outros Santos, parece que lhes deu o Senhor poder para socorrer em um só tipo de necessidade. Este glorioso Santo, tenho comprovado que socorre em todas as necessidades. Deus quer dar a entender que, assim como foi submisso a São José aqui na Terra, também no Céu Jesus faz tudo quanto ele lhe pede.”

O PRIMEIRO DEVOTO DE MARIA O PRIMEIRO DEVOTO DE MARIA Reviewed by Unknown on novembro 17, 2017 Rating: 5